"Isso é para os pintainhos!"
A avó Gina não está muito bem.
Fiz-lhe uma visita há dias, os meninos e o pai Fura Bolos ficaram a passear na rua enquanto eu lá fui num saltinho.
Está parada, longe, pensativa ou simplesmente ali.
A conversa foi curta, pouca coisa há a dizer, de pouca coisa ela se lembra ou fala.
Eu era a Margarida, o que não é totalmente errado já que me chamo Ana Margarida, mas sei bem que para ela eu era a Margarida, que é a filha, a minha mãe. Os meus meninos eram 4, safou-se o Pai Fura Bolos que era mesmo o Paulo.
Entretanto para cortar o silêncio disse-lhe que o mais pequenino, o Zé, já comia comida.
- Olha avó, sabes do que o Zé gosta?
- Não
- Vê lá se adivinhas, uma coisa que eu em pequenina nunca queria.
- Papas.
E com isto disse tanto! As papas de milho que a avó Gina queria sempre fazer para mim, isto há pelo menos uns 37 anos e eu dizia que não gostava porque era a comida dos pintainhos.
Na altura a avó Gina tinha galinhas e dava-lhes farelo e farinhas e claro está, eu com os meus 2 anos achava que as papas de milho que ela fazia eram a mesma coisa.
- E como as fazias, avó? Para eu fazer iguais para o Zé.
A resposta demorou, foi atabalhoada, difícil de perceber, mas estava lá tudo.
- Cozia em água, depois punha uma gotinha de leite e um bocadinho de açúcar.
Pronto, fico com a receita guardada na memória e prometo um dia destes fazer iguais, ou pelo menos tentar.
Para já o Zé come as papas de milho feitas em caldo de vegetais e ervas aromáticas, e os outros comem papas de milho de peixe.
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