quinta-feira, 24 de novembro de 2011

1 ano depois da greve, nova greve!


Esta gravidez começou atribulada, com alguns percalços mas assim que tivemos certeza que podia avançar decidimos goza-la ao máximo pois pensamos que terá sido a ultima…
As 40 semanas avançaram, umas vezes depressa outras devagar mas lá chegou a DPP. Até aí ia sentindo umas contrações, uns dias mais outros menos, umas vezes com ritmo certo e quase me faziam pensar que ia entrar em trabalho de parto mas foi sempre falso alarme.
Já estava a ficar ansiosa os dias passavam e eu sempre na expectativa de sentir o sinal de que estava prestes o nascimento da minha menina. Das outras vezes sempre entrei em TP espontâneamente e desta vez comecei a ver que tal como me tinham dito no hospital às 40 semanas, teria que ser induzido às 41. Não percebo que decisões são estas que tomam por nós, mas se escrevem no Boletim de Grávida para lá irmos às 41 semanas e não formos tenho a impressão que depois se algo corre mal nos culpam… enfim.
Assim chegou o dia 23 de Novembro, 41 semanas, e eu lá fui ao hospital.
Cheguei às 10h, não levei a mala e apresentei-me no Bloco de Partos  como quem vai apenas fazer o ctg e ver que tudo está bem e que podemos esperar … Mas não foi assim. A administrativa fez-me logo o internamento, mesmo antes de ser vista, e disse ao meu marido que fosse buscar a mala! Eu aí falei, disse que queria primeiro trocar impressões com a médica (que não é minha médica e só me tinha visto na semana anterior!)
Entrei, e a enfermeira tinha a bata e chinelos para eu vestir! E eu mais uma vez disse que queria falar com a médica porque não achava necessário ficar numa cama a soro á espera que o TP começasse, assim sem mais nem menos. A médica lá entrou, com uma estagiária e eu expliquei-lhe que queria ficar com uma boa recordação deste parto (tal como dos outros) e que podia fazer-me um toque e dar-me alguma coisa  para acelerar mas eu queria andar á vontade e se possível ainda sair do hospital e que voltaria assim que houvesse sinais de parto. Nesse momento a médica ficou comigo “atravessada” como se diz e já só me olhou de lado!! Mesmo assim mantive a minha opinião e fiz valer os meus desejos ao máximo.
Lá fui então vista, fez-me um toque e introduziu-me um Propess (fitinha com a dose mínima), depois saiu e deixou indicação á enfermeira que eu podia andar pelo piso da maternidade, com a minha roupa e fazer o ctg regularmente. Ainda teve tempo para me dizer que o meu marido podia ir para casa porque ia demorar, ao que eu respondi que sempre tínhamos enfrentado estes momentos juntos e que desta vez não ia ser diferente.
E começou aí um dia longo. Eram umas 11h30. Á volta dos elevadores e sempre a andar e decidida a ajudar o meu corpo a responder bem a esta indução não me sentei quase para nada!! Indo contra a indicação da médica que me queria só no piso 2, subi e desci as escadas do hospital várias vezes. Depois do almoço ainda fui ao bar do hospital beber café com o meu marido, que esteve SEMPRE comigo. Durante a tarde fui fazer um ctg que não acusou contrações. Foi então que me levaram para o quarto já na obstetrícia onde iria ficar depois do nascimento. Arrumei as minhas coisas, mas continuei com liberdade total.

Neste processo estive sempre com o meu marido e com outro casal que estava a passar pelo mesmo que nós, com a coincidência de também ter tido um filhote o ano passado 4 dias antes de mim!
Às 19h tomei um duche longo e quente, vesti o meu pijama e depois do jantar andámos, rimos, dançámos, fizemos ginástica enfim, tudo o que pudesse ajudar.
O ctg que fiz ás 22h já acusava algumas contrações, estava com 2 dedos de dilatação e a cueca já estáva molhada e não era xixi!

Senti que iria começar. Vesti a bata e fomos então para a sala de partos. Eram 23h Aí já me sinto em casa!!  Deixaram-nos a sós, ligámos a musica, apagámos as luzes e fui buscar a bola de pilates do hospital.
E deixei que o meu corpo e a minha bebé trabalhassem. As contrações começaram a ritmar, cada vez mais fortes e longas. Só uma vez veio a enfermeira monitorizar a bebé comigo sentada na bola, não me incomodou, não falou, não interferiu, voltou a sair.
Já eram muitas, longas, fortes e … com vontade de fazer força, e eu sentada na bola. Resolvi pedir ao meu marido para chamar a enfermeira. Ela veio. Esperou que eu fosse ao wc, esperou que eu conseguisse subir para a cama, entre uma e outra … esperou que eu a deixasse fazer o toque e … informou-me : “Está pronta!! Grande mulher!” Eram 1h30!! Eu só lhe pedi “Podemos tentar sem me cortar” E responde-me a enfermeira       “ Mas eu não a vou cortar!!” E eu a respirar, de olhos fechados e a viajar e oiço-a ao longe dizer ao meu marido “ Que controlo espectacular que ela tem!” Disse-me que quando quisesse podia começar a fazer força e saiu para ir buscar a bata!! Ai o que foi ela dizer!
Mais uma contração e a bolsa explodiu!! Mais outra e fiz força (sozinha com o meu marido). Mais outra e força e ele diz-me “Não faças força que eu não sei o que fazer!!” Ri-me e mandei chamar porque ela ia nascer.
Quando entraram eu estava sentada na cama e a enfermeira vê a cabeça da minha bebé!!! “Ponha as pernas aqui” (nas perneiras)  e eu respondo “Já não consigo” e nisto faço força uma vez e a minha Julieta nasceu, era 1h48m!! Para cima da cama, sem intervenção quase nenhuma da parteira!!
Puseram-na em cima de mim e assim ficou durante uns 40 min. Eu cortei o cordão depois deste parar de pulsar, dei-lhe de mamar e fiz-lhe muitos miminhos. Só quando eu fui para o recobro é que  ela ficou com o meu marido a ser vestida e limpa.
Foi o meu 4º parto hospitalar, e foi um parto lindo.
Sem soro, sem toques desnecessários, sem clisteres, sem ctg (no trabalho de parto), sem epidural, sem corte (3 pontinhos no final), e com o meu marido sempre comigo.
Consegui transformar um parto induzido, e um mau começo com a dra, num parto lindo e muito á minha maneira, senti que estava no comando da situação e que estava a ser respeitada como mãe e mulher.
Com este relato tão extenso espero passar a mensagem que um parto hospitalar pode ser perfeito, e que está nas nossas mãos transforma-lo num momento lindo cheio de amor.
Falta só dizer que as enfermeiras estavam de greve!!! (e que com esta foto posso ter graves problemas! Incentivo à greve e uma mama, mama essa que não pertence a uma top model bem produzida e provocante, porque aí não haveria qualquer problema ... mas sendo que é uma mama de uma mãe que acabou de parir ... prevejo algum tipo de censura, e já não era a primeira vez que uma mama da Mãe de todos era censurada, a internet tem destas hipocrisias!)

OBRIGADA A TODA A EQUIPA DE ENFERMAGEM
Ana e Paulo Custódio e rebentos Tiago (17/08/2004) , Teresa (13/09/2007),  João (8/07/2009) e Julieta (24/11/2010) todos bebés CHBA


Nascida em dia de greve, ao sabor dos serviços mínimos do hospital, por sinal suficientes, assim nasceu a nossa Julieta, e hoje houve greve novamente, será que vai ter sorte e passa a ter greve todos s anos para poder festejar à vontade? E será que para além do dia livre para festejar a greve dará frutos?


  


E depois de um parto há que recuperar... o pai Fura bolos claro, que a Mãe de todos estava fresca e fofa!

Parabéns Julieta pelo teu primeiro aniversário!

domingo, 20 de novembro de 2011

Andar nas nuvens!

Com todos no carro, com tempo frio e quase de chuva não havia grande coisa para fazer, mas há sempre qualquer coisa.

O Tiago de repente grita e diz

"olha ali, parece um elefante! Aquela nuvem mãe, parece um elefante"

Logo não vi nada, mas quando puxo por ele e peço para me descrever aí vejo o mesmo elefante que ele... ou será que era outro. Uma nuvem está sempre em mudança, está sempre a mudar de forma de tamanho, mas por segundos ele, o elefante estava lá e eu fotografei-o, qual fotografa do National Geografic!

A Teresa percebeu do que falávamos e foi ela a seguinte a gritar entusiasmada:

"Ali, aquela é um três, o numero três mãe, não vês?"

Sim claro que via! A imaginação leva-nos onde queremos ir e a dos miúdos é muito fértil e saudável!

E foi assim durante o percurso de volta a casa, com várias paragens para fotografar nuvens que pareciam coisas, coisas que cada um queria ver, ou que imaginava, ou que tinha a certeza que era mesmo!

Depois disto lembrei-me que vi um dia num blog, lamento não saber o nome, umas fotos que alguém publicou com nuvens fotografadas e desenhadas por cima.  E que grande ideia!

Computador ligado, 3 miúdos de roda dele a lutarem pelo melhor lugar, pela melhor posição de acesso ao teclado, eu também quero fazer" o três é meu!" "sim mas agora é a cara e fui eu que a vi!" e deu para todos, até para a Mãe de todos andar nas nuvens.


Desatento, despreocupado, com o pensamento longe, imaginando coisas. (literalmente imaginando coisas!)


A Mãe de todos desenhou o elefante imaginado pelo Tiago.



 A Teresa desenhou o 3 que viu no céu.




O João pediu um memé e ajudou a pinta-lo.




O Tiago desenhou um dinossauro para o João.



E na mesma nuvem a Mãe de todos e o Tiago viram 2 caras, bem diferentes!

O Tiago viu esta:




E a Mãe de todos viu esta:





Um passatempo de imaginação muito bom, fácil e barato! E enquanto andamos de cabeça nas nuvens andamos mais felizes!

domingo, 13 de novembro de 2011

Upcycling

Upcycling é o processo de transformar resíduos ou produtos inúteis e descartáveis em novos materiais ou produtos de maior valor, uso ou qualidade. Utiliza materiais no fim de vida útil na mesma forma que ele está no lixo para dar uma nova utilidade. Ao contrário da reciclagem, que usa energia para destruir a forma e então transformar em algo novo.

E a Mãe de todos muito por culpa da crise mas não só, porque também tem muita coisa cá em casa que já parecia não servir para nada, ou que já teve melhores dias, ou que já esteve mais na moda, ou porque simplesmente olha para uma coisa e imagina outra resolveu fazer algumas experiências.

A amiga Ângela deu-me uns tecidos que já não queria, no meio deles vinham umas fronhas de almofada.




A avó Gina já não vestia esta linda camiseira há uns anos ...




A  Mãe de todos sentou-se à máquina de costura e criou estas almofadas decorativas para a sala.






E depois disto tudo, faltava uma coisa, faltava que a sala tivesse alguma coisa a ver com a cor das almofadas e como não tinha, o Pai Fura bolos tratou do assunto e pintou uma parede!





Ás vezes um pequeno pormenor, como um bocado de tecido, pode fazer a diferença, isso e ter amigas...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

E entretanto ficou por dizer...

o que é uma Doula!



Texto de Carla Guiomar, Doula

Uma doula é geralmente uma mulher com experiência de maternidade, que está ao lado da mãe durante o seu parto, ajudando-a a sentir-se segura de modo a que ela consiga mais facilmente dar à luz.
Geralmente, a doula conhece a futura mãe durante a gravidez, estabelecendo-se entre elas uma relação de empatia e confiança, importante para o acompanhamento do parto que acontecerá mais tarde. Ao longo da gravidez, a doula ouve os pais acerca dos seus anseios, expectativas e desejos relativamente ao parto, ajuda a esclarecer dúvidas, orienta na busca de informação de qualidade, e sobretudo transmite confiança e tranquilidade no processo do parto à mulher e ao seu companheiro.

Durante o trabalho de parto, a doula está com a mãe, mantendo uma presença discreta, tranquilizadora e criando uma esfera de protecção à sua volta, assegurando a satisfação das suas necessidades básicas, privacidade, segurança, luz atenuada, redução do uso de linguagem e conforto térmico, favorecendo assim o bom desenrolar do trabalho de parto fisiológico.

No hospital, a doula é um recurso particularmente precioso pois aí o pessoal médico não tem disponibilidade para prestar assistência personalizada, e o pai muitas vezes não se sente verdadeiramente confortável por estar ao lado da mãe, nem sabe como ajudar e pode pôr a mãe mais nervosa. O homem também liberta facilmente adrenalina que é contra-producente à progressão do trabalho de parto da sua mulher. Mas é importante esclarecer que a doula não pretende ser uma substituta do pai. Cada um tem o seu papel. Ela transmite tranquilidade também ao pai, podendo ajudá-lo a prestar um melhor apoio à sua companheira, ou sentir-se à vontade para se afastar e descansar um pouco, por exemplo. A mãe assim pode relaxar, sabendo que não está a colocar essa pressão sobre o pai de a acompanhar em todo o processo. A doula constitui um apoio não só à mãe como ao casal, sendo que o seu objectivo é sempre criar um ambiente harmonioso à volta da mãe, e reduzir a sua ansiedade, pois é isso que facilitará o trabalho de parto. A doula funciona também como uma interface entre a mãe e o pessoal hospitalar, defendendo os seus interesses e desejos quanto ao seu parto.

O apoio da doula continua no pós-parto, através de algumas visitas à mãe, preparando um chá ou uma refeição, ou até auxiliando em pequenas tarefas domésticas que permitam à mãe passar mais e melhor tempo com o seu bebé nos primeiros dias. Noutros países existem as doulas de pós-parto especializadas neste tipo de assistência.

A doula é nos dias de hoje uma profissional da humanização do parto, que vê o parto como um evento normal e pleno de significado na vida das mulheres, e o compreende como um processo fisiológico, que não pode ser desligado das dimensões física, psicológica, sexual, afectiva e espiritual do ser feminino.


Doulas são amortecedores afectivos. Funcionam para proteger as pacientes das inúmeras provas, dúvidas, angústias, às quais ela é submetida durante o nascimento de uma criança. (…) O nascimento humano provoca uma gama de sentimentos que normalmente não experimentamos no nosso dia-a-dia. É um momento muito mágico e muito poderoso. Por isso, as pessoas que estão presentes neste momento, são imanadas de uma energia muito especial, que impregna seus corpos e almas com uma luminosidade lilás e brilhante. As doulas, mulheres como as parturientes, são abençoadas com a dádiva da cumplicidade, e recebem como prémio a gratidão eterna.
Dr. Ricardo Herbert Jones,
obstetra brasileiro e coordenador da Rede para a Humanização do Nascimento (ReHuNa) no Brasil.



E eu acrescento, Doulas são mulheres como as que eu conheci, com sorrisos sinceros, genuínos, espontâneos, como estes







E afinal o que é uma Doula?

"Já ouvi esse termo!"
"Vê lá onde te metes"


Mas como ouvir o termo só não chega ... na cabeça da Mãe de todos a ideia de ser uma Doula já estava a crescer há tempos.
"Mas diz-me lá, dói muito?"
"Olha e como foi, levaste epidural?"
"Ai que a minha irmã está lá (hospital) sozinha e precisa que liguem para lá para saber o que se passa..."
"E sabes se deixam o marido entrar?"
"E..."
"Mas..."
Então a Mãe de todos percebeu que ter experiência de 4 gravidezes, 4 partos, 4 pós partos, enfim ter 4 filhos isso só por sim não chega para responder ao que muitas vezes me perguntam.


Aninhadas nos pufs, ou sentadas em almofadas, ou deitadas em colchões, confortáveis, quentinhas, foi assim que nos conhecemos, foi assim que cada uma disse de onde veio, ao que veio e porque veio, e éramos todas tão diferentes e no entanto todas unidas no mesmo desejo de saber mais, de aprender mais.



E lá foi a Mãe de todos nesta viagem, guiada por quem já a fez, por quem sabe o que faz, por quem quer partilhar o que sabe, a  Carla Silveira e a Ana Raposeira e a quem se juntou a Carla Guiomar .
Foram dias de muita emoção, muita informação, muita partilha, muitas gargalhadas (ou não fosse um grupo de mulheres), muitas lágrimas (ou não fosse um grupo de mulheres) e muito enrequecimento, muita descoberta e muito crescimento pessoal.


Os momentos de pausa foram também momentos de brincadeiras, conversas, comentarios, descobertas de novos sabores, sempre com boa disposição.



Se havia alguma duvida de que a Mãe de todos deveria ter ido a esta formação essa duvida desapareceu com o passar dos dias, ao longo das conversas, com os sorrisos, com os olhares cumplices, com os abraços apertados, com o calor humano, calor de mulheres.


Agora a Mãe de todos tem um novo caminho por onde ir, um caminho que foi descoberto e agora dá vontade de andar por ele sem parar, sempre na busca de mais conhecimento, sempre em busca de mais informação, muitos livros para ler, muitos filmes para ver, muitas ideias para trocar...

E sim, a Mãe de todos às vezes também precisa de miminhos...