domingo, 29 de janeiro de 2012

Aprender com quem sabe!

É assim que devemos fazer. antigamente era assim, queriam aprender costura iam para o pé de uma costureira e viam, aprendiam e depois faziam.

Hoje em dia já não é assim, ninguém tem tempo para aprender e ninguém tem tempo para ensinar, pelo menos à moda antiga, mas ainda há quem queira ensinar e há quem queira aprender e por isso aparecem os workshops, palavra inglesa usada talvez para soar melhor, mas o que interessa é que alguém ainda ensina o que sabe e essa partilha é muito importante.

Hoje era dia de um workshop de retalhos em Querença, uma aldeia no Barrocal Algarvio, é longe daqui e por isso pensei que não ia gastar dinheiro em gasóleo, sim porque o dinheiro do workshop não era muito e era bem empregue já o do gasóleo ... Mas como não há coincidências, ou talvez haja, nasceu apressadinha uma Leonor, em Faro, da nossa amiga Sandra e claro que tínhamos que ir vê-la.
Ora 1 + 1 são 2 e assim lá fomos. Pic-nic no porta bagagens, casacos, chapéus e gorros, retalhos e boa disposição, e com 30 minutos de atraso saímos de casa, e com 30 minutos de atraso lá cheguei ao workshop.

A D. Lúcia Cardoso que já há muitos anos que faz trabalhos com retalhos, e que há muitos anos que já não fazia trabalhos com retalhos aceitou o desafio da organização do Mercado de Querença e ensinou-nos a fazer coisas giras e divertidas com retalhos de tecido, retalhos da camisa do avô, das calças do pai, do vestido do bebé ... enfim retalhos de memórias!
Entre conversas e histórias, pontinho a pontinho fomos aprendendo e fazendo e no final ficou o gostinho pelos retalhos e a vontade de fazer mais. Obrigada D. Lúcia.







E o resultado dos pontinhos da Mãe de Todos.



 
Enquanto a Mãe de todos pegava na agulha, o pai Fura bolos passeava no Mercado de Querença com os 4 piolhos. Viram tudo, brincaram, ouviram musica, divertiram-se e tiveram uma manhã diferente e muito alegre.



Vale a pena voltar a Querença! Parabéns à ao Projecto Querença, uma iniciativa muito boa!





Depois um pic-nic num espaço muito agradável que nos foi emprestado amavelmente pela D. Lúcia. A piscina natural era uma tentação para os miúdos e na fonte lá se molharam todos, como faz parte!





E finalmente conhecemos a pequena Leonor, que é LINDA, bem vinda Leonor e parabéns papás babados!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Um anjo no caminho!

Aproximei-me, ia devagar, e ao chegar perto, parado na encruzilhada estava um carro, um carro de luzes acesas, e de repente a porta abriu-se ... e eu tranquei as minhas ...



5h45min toca o despertador. Enquanto bebo uma caneca de café com leite, bem quente a contrastar com o frio que faz na rua, vou carregando tudo para o carro. Uma mesa de campismo, uma cadeira, o saco com os Miminhos, o placard que arranjei para fazer publicidade aos Mimalhos, mais uma manta para tapar as pernas, e quando ligo o carro não se via nada, o vidro estava gelado.

Com 3 camisolas, 2 calças, o casacão vestido, um gorro e a manta deixo a casa em silencio, todos dormem.

No caminho vou pensando como será, se estará muita gente, se vou vender alguma coisa, se valerá a pena deixar a cama quente a um domingo de madrugada e sair para o mercado.

Aproximei-me, ia devagar, e ao chegar perto, parado na encruzilhada estava um carro, um carro de luzes acesas, e de repente a porta abriu-se ... e eu tranquei as minhas ... Do carro saiu uma senhora, toda encasacada, gorro na cabeça e direita ao meu carro, chega e pergunta:

"Não sabe onde é a feira das velharias? Ando aqui perdida, cheia de medo, desde as 4 e tal ..."
"Olhe, eu vou para lá, é por aí nessa estrada, lá ao fundo, já ali!"
"Posso ir atrás de si? Passe para a frente e eu vou atrás"

E lá vou eu, a ser seguida por aquele carro que minutos antes me tinha assustado naquela encruzilhada, dentro de uma aldeia que ainda dormia.

O terreno estava salpicado de caravanas, carros, mantas no chão a marcar lugares, mesas, cadeiras, e 2 caravanas de café já a trabalhar, eram 6h30 da manhã e era noite cerrada!



Depois de conseguir arranjar um lugar para mim e para a senhora que tinha acabado de ajudar, ela pagou-me um café. Aí, à luz fraca da caravana/café conversámos.
"Ai a menina nem sabe, foi um anjo que me apareceu ao caminho, já estava pronta para voltar para casa mas nem sabia como, apanhei um grande medo, meti-me para a mata, ai que medo!! Foi um anjo!"




E pronto, montei a mesa, a cadeira e esperei que o dia nascesse, sentada no porta bagagens do carro. Aos poucos foi clareando, aos poucos os que dormiam acordaram, e começou o reboliço normal de uma feira que tem de tudo!











Aqui vende-se de tudo, velho, novo, usado, surrado, limpo, sujo, comprado (ou roubado ... isso já não sei)

Eu vendi alguma coisa, conversei, dei o meu contacto, vi gente muito diferente, vivi mais uma manhã diferente, de convívio e de experiências que marcam e que acredito que nos trazem sempre qualquer coisa de bom!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Porcos!

Ai, peço desculpa, não estou a querer ofender ninguém, estou mesmo a falar de porcos, daqueles que fazem oinc oinc!



E hoje quem escreveu foi o Tiago, quer dizer ele escreveu há dias esta composição para a escola, e eu achei que fazia todo o sentido publica-la aqui, hoje, já que eles andaram de volta da horta com o pai!

E aqui estão eles, o Porco Sim e o Porco Não, um casal de porcos que vieram povoar a nossa horta. E agora os restos de comida já não vão fora, nem os nossos nem os do resto da familia, porque há que engordar os bichos! O Porco Não é uma porca, vai ficar para criação, já o Porco Sim, em acabando o seu serviço de emprenhar a porca irá à vida dele, vida de bifana!

Sim, os miúdos sabem disso e é mesmo por isso que os temos, como já aqui falei noutra altura em "O valor do cabrito" , os animais criam-se para comer e sem dramas.


 As meninas andaram a apanhar flores e a sentir as ervas e a terra.






Os meninos preparavam-se para ajudar o pai na plantação.




Era preciso encher baldes com estrume primeiro, e esse trabalho mal cheiroso calhou ao Tiago sob o olhar atento dos outros.



O terreno está lavrado, foi o avó Zé que o lavrou, já tem ervilhas, favas e alhos, agora era a vez das cebolas. Quem não gosta de umas costeletas de cebolada? Desculpem-me os vegetarianos!





De enxadas em punho eles lá foram vendo e aprendendo com o pai Fura bolos como se fazia.




A enxada é maior que ele, mas a vontade de fazer é ainda maior! E fez, qualquer coisa, qualquer coisa que é muita coisa, é aprender a gostar da terra, de deitar semente e colher o que ela dá.



E com os tempos que aí se avizinham e a bebermos 50 litros de leite por mês, não está fora de questão arranjarmos uma vaca!

domingo, 8 de janeiro de 2012

80 anos

Hoje a avó Gina fez 80 anos. Parabéns Avó!

A Avó Gina está num lar, já há algum tempo que ela estava com alguns problemas de saude e como a Avó Guida que é filha única já não conseguia dar conta do recado sozinha, foi a solução encontrada, pelo menos para já.

Hoje lá fomos nós, de bolo e prendinha para cantar os parabéns à Avó velhota como os miúdos carinhosamente lhe chamam.

Foto tirada no Natal
Haveria muitas fotos para aqui colocar ... não fosse a Mãe de todos ter feito asneira... quer dizer, a bem dizer foi a tecnologia que falhou. Como o normal é a Mãe de todos chegar ao evento e, ou não ter bateria (apesar de ter duas e dois carregadores) ou não ter o cartão de memória (que normalmente fica esquecido no computador porque aqui é colocado todos os dias para descarregar o dia anterior...) hoje nada podia falhar.  O cartão estava na máquina, confirmei várias vezes, e uma bateria foi posta a carregar de propósito. Fiquei azul quando na altura de soprar as velas, que não eram 80 por uma questão prática, os miúdos todos apostos, a Avó Gina pronta, a bateria falha, estava completamente vazia!
Pois não querendo falar mais neste assunto, aqui fica foto da prendinha que levamos, que por sorte tirei ontem depois de a ter acabado.






A Avó Gina tem sempre as mão muito frias e não gosta de luvas ... por isso:

Almofadinhas de bolso, para aquecer as mãos, cheias com trigo, alfazema e carinho, disponíveis em Miminhos da Mãe de Todos.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Vizinha do lado

É bom termos vizinhos e aproveitar essas relações, alimenta-las, ensina-las aos miúdos, rega-las de amizade para que cresçam.

A vizinha do lado chama-se Teresa, coincidência ou não tem o nome da nossa Teresa e maior coincidência ou não tem uma irmã Julieta ... tal como a nossa Teresa tem a nossa Julieta ... enfim, se calhar há coincidencias por aí ...

Mas como eu ia dizendo, a vizinha do lado, a D. Teresa, é uma senhora já com uns setenta e tal anos, gosta de conversar enquanto estende a roupa, normalmente tem grandes conversas com o pai Fura bolos, aqui não há muros altos, não há quintais tapados, não há isolamento, há sim muro baixo, rede para segurança e estendais que quase que se tocam, aqui há proximidade, e os miúdos gostam de dizer olá à D. Teresa e ela gosta de ouvir os passarinhos (como lhes chama por fazerem muito barulho parecendo passarinhos no ninho!).

O Tiago fala muito com ela, conta-lhe coisas, coisas que às vezes não são nada ou às vezes são muito, ele lá sabe o que tem para contar, e ela ouve-o, mal é certo, mas isso é da idade ...

No Natal o Tiago foi levar-lhe um prato de azevias, e de lá veio todo contente com o prato cheio de tangerinas da horta do vizinho, que se chama João e vai todos os dias para a horta, mesmo que a D. Teresa não ache bem! 





Hoje é dia de Reis, um dia que hoje em dia passa despercebido, ou não porque quando vamos buscar os miúdos à escola normalmente vêm de coroa na cabeça, como foi o caso da Teresa.

Mas enquanto os miúdos estava na escola a vizinha Teresa bateu à porta, e ainda de robe vestido toda contente, estendeu a mão com um saco de romãs, 3 romãs para os miúdos. E ali mesmo entre portas, nos contou a tradição.

Ora antigamente, sim porque já ninguém liga a isso agora, ia ela dizendo, comia-se romã no dia de Reis e guardavam-se 3 baguinhos, um por cada rei deduzo eu, embrulhados num papelinho, bem apertadinho, todo o ano para trazer dinheiro à família.





Então nós hoje comemos as romãs que a vizinha deu e depois da história explicada aos miúdos, lá embrulhamos os 3 baguinhos e agora estão na entrada de casa, pendurados, para trazer o tal dinheiro.




Bem em tempo de crise que mal há em tentar? Que a troika não sonhe que temos 3 baguinhos de romã escondidos em casa, mas depois da oferta da vizinha Teresa tínhamos que respeitar a tradição!

E claro que durante o fim de semana os miúdos lá levarão uma lembrança à D. Teresa, é simples cultivar relações!