sexta-feira, 4 de novembro de 2011

E entretanto ficou por dizer...

o que é uma Doula!



Texto de Carla Guiomar, Doula

Uma doula é geralmente uma mulher com experiência de maternidade, que está ao lado da mãe durante o seu parto, ajudando-a a sentir-se segura de modo a que ela consiga mais facilmente dar à luz.
Geralmente, a doula conhece a futura mãe durante a gravidez, estabelecendo-se entre elas uma relação de empatia e confiança, importante para o acompanhamento do parto que acontecerá mais tarde. Ao longo da gravidez, a doula ouve os pais acerca dos seus anseios, expectativas e desejos relativamente ao parto, ajuda a esclarecer dúvidas, orienta na busca de informação de qualidade, e sobretudo transmite confiança e tranquilidade no processo do parto à mulher e ao seu companheiro.

Durante o trabalho de parto, a doula está com a mãe, mantendo uma presença discreta, tranquilizadora e criando uma esfera de protecção à sua volta, assegurando a satisfação das suas necessidades básicas, privacidade, segurança, luz atenuada, redução do uso de linguagem e conforto térmico, favorecendo assim o bom desenrolar do trabalho de parto fisiológico.

No hospital, a doula é um recurso particularmente precioso pois aí o pessoal médico não tem disponibilidade para prestar assistência personalizada, e o pai muitas vezes não se sente verdadeiramente confortável por estar ao lado da mãe, nem sabe como ajudar e pode pôr a mãe mais nervosa. O homem também liberta facilmente adrenalina que é contra-producente à progressão do trabalho de parto da sua mulher. Mas é importante esclarecer que a doula não pretende ser uma substituta do pai. Cada um tem o seu papel. Ela transmite tranquilidade também ao pai, podendo ajudá-lo a prestar um melhor apoio à sua companheira, ou sentir-se à vontade para se afastar e descansar um pouco, por exemplo. A mãe assim pode relaxar, sabendo que não está a colocar essa pressão sobre o pai de a acompanhar em todo o processo. A doula constitui um apoio não só à mãe como ao casal, sendo que o seu objectivo é sempre criar um ambiente harmonioso à volta da mãe, e reduzir a sua ansiedade, pois é isso que facilitará o trabalho de parto. A doula funciona também como uma interface entre a mãe e o pessoal hospitalar, defendendo os seus interesses e desejos quanto ao seu parto.

O apoio da doula continua no pós-parto, através de algumas visitas à mãe, preparando um chá ou uma refeição, ou até auxiliando em pequenas tarefas domésticas que permitam à mãe passar mais e melhor tempo com o seu bebé nos primeiros dias. Noutros países existem as doulas de pós-parto especializadas neste tipo de assistência.

A doula é nos dias de hoje uma profissional da humanização do parto, que vê o parto como um evento normal e pleno de significado na vida das mulheres, e o compreende como um processo fisiológico, que não pode ser desligado das dimensões física, psicológica, sexual, afectiva e espiritual do ser feminino.


Doulas são amortecedores afectivos. Funcionam para proteger as pacientes das inúmeras provas, dúvidas, angústias, às quais ela é submetida durante o nascimento de uma criança. (…) O nascimento humano provoca uma gama de sentimentos que normalmente não experimentamos no nosso dia-a-dia. É um momento muito mágico e muito poderoso. Por isso, as pessoas que estão presentes neste momento, são imanadas de uma energia muito especial, que impregna seus corpos e almas com uma luminosidade lilás e brilhante. As doulas, mulheres como as parturientes, são abençoadas com a dádiva da cumplicidade, e recebem como prémio a gratidão eterna.
Dr. Ricardo Herbert Jones,
obstetra brasileiro e coordenador da Rede para a Humanização do Nascimento (ReHuNa) no Brasil.



E eu acrescento, Doulas são mulheres como as que eu conheci, com sorrisos sinceros, genuínos, espontâneos, como estes







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